Ioiô - Um blog tamanho GG

Me chamo Patrícia. Sou baiana, publicitária e nasci em 1973. Sempre fui grandona e com tendência a engordar. Passei boa parte da juventude querendo me encaixar em padrões que não correspondiam a minha estrutura de corpo: seios fartos, quadril largo, perna grossa e braços fortes. Vivi muita angústia e pressão por não encontrar na mídia (TV/cinema/revistas) referências de pessoas como eu, que não fossem imagens ridicularizadas e/ou caricaturadas. Na visão dos que me cercavam, nunca fui gorda o bastante para sofrer um bullying violento mas também não me encaixava nos padrões definidos pela maioria e ouvi vários comentários discriminatórios. Sempre fui adjetivada como cheinha, gordinha, fofinha, gostosa, grandona e o divertido, em espanhol (morei na Espanha por 10 anos), maciça. Consigo encontrar roupa em quase todas as lojas convencionais no tamanho G ou GG. Uso 44/46 e, como não existe uma padronagem rigorosa aqui no Brasil, tenho roupas até 48. No entanto, são roupas criadas para corpos magros, feitas em tamanhos maiores, sem considerar as várias possibilidades dos corpos que existem: mais largas em cima, mais largas embaixo, batata da perna muito grossas, quadris largos e cintura fina, etc. Mas só quando fui convidada pela fotógrafa Isabele da Costa para fazer umas fotos sensuais plus size que surgiu a ideia de Ioiô. Desafio aceito, comecei a procurar referências e fazer uma imersão nesse mundo. Vi muita coisa interessante para pessoas no tamanho acima de 50 mas muito pouca coisa pra quem está nesse limbo como eu, entre 44 e 50. Pensei em gordofobia, em gente que além das minhas angústias ainda sofre um bullying feroz, em violência machista. Pensei em empoderamento feminino e sororidade. Refleti sobre os ganhos que a maturidade me trouxe e a quantidade de sofrimentos que poderiam ter sido evitados se eu tivesse naquela época uma relação mais saudável com a minha autoestima. Decidi então compartilhar com quem quiser me acompanhar nesse espaço, além da minha experiência pessoal, algumas dicas, referências, relação com saúde, moda e tudo para que qualquer mulher que não se sinta encaixada nos ‘padrões convencionais’ possa se identificar. É um espaço de mão dupla. Espero passar experiências e aprender com as experiências de vocês.